A homeopatia é um tema polêmico que está sempre em debate na comunidade científica, de um modo geral, e mais especificamente, entre médicos e farmacêuticos.
Independentemente das discussões que gera, é uma realidade na saúde brasileira e, dessa forma, faz parte do dia a dia das farmácias e drogarias.
Segundo a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), há atualmente cerca de 2.900 médicos homeopatas no país, prestando atendimento a 50 milhões de pessoas.
A prática tem respaldo do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina, havendo inclusive um Dia da Homeopatia no calendário oficial de comemorações.
Seja qual for a sua opinião sobre o tema, e até mesmo para embasá-la em conhecimentos de fatos, apresentamos este guia da homeopatia para farmácias.
Na prática da saúde, é essencial conhecer esse método, entendendo desde sua produção à sua aplicação, além de quais são os homeopáticos comercializados em farmácias.
Para baixar gratuitamente a lista completa e atualizada dos homeopáticos, preencha o formulário abaixo.
O que é homeopatia?
Homeopatia é um tratamento de saúde baseado no princípio energético de plantas, animais e vegetais, abordando o paciente em sua integralidade física, mental e espiritual.
Segundo a filosofia do método, as doenças decorrem menos de uma desordem meramente física do que dos desequilíbrios entre essas diferentes dimensões de um indivíduo.
Dessa forma, os homeopáticos estão presentes em diversas áreas clínicas, promovendo maior aproximação entre médico e paciente e um uso racional de medicamentos.
A lei dos semelhantes
O tratamento resgata um modelo mencionado por Hipócrates, considerado pai da Medicina, na Grécia Antiga, e que se refere à cura pela lei dos semelhantes.
Segundo esse modelo, é possível promover a cura administrando ao paciente substâncias que, em uma pessoa saudável, produziriam os mesmos sintomas provocados pela enfermidade combatida.
Outra característica fundamental dos homeopáticos é que as substâncias utilizadas são altamente diluídas em água e outras substâncias como álcool e amidos.
A partir de agora, você entende melhor como essa prática teve início, seu desenvolvimento no Brasil e como ela é aplicada atualmente.
Origem e Dia Mundial da Homeopatia
A homeopatia foi desenvolvida pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann, que, no final do século XVIII, buscava alternativas para a medicina praticada até então.
Em suas pesquisas, o Dr. Hahnemann se interessou pelo uso da quina por nativos americanos no combate à malária, e assim, decidiu experimentar a substância.
Ao usar a quina, o médico experimentou efeitos semelhantes aos sintomas da própria malária, enveredando então pelo raciocínio que o levaria à criação da homeopatia.
Contrário a experimentações em animais, passou a fazer experiências com diversas substâncias em si mesmo, além de contar com familiares e colaboradores.
Porém, diante da intensidade dos efeitos desencadeados por essas diferentes substâncias, o Dr. Hahnemann passou a diluí-las em água para utilizar apenas seu princípio energético.
A terapêutica nova causou controvérsias desde que passou a ser divulgada, abalando os princípios da medicina e farmácia da época.
Mas uma vez que sempre contou com o espírito objetivo de seu criador, logo se popularizou e conquistou outros cientistas, espalhando-se para o mundo todo.
Atualmente, o Dia Mundial da Homeopatia é comemorado em 10 de abril, em referência à data de nascimento do Dr. Hahnemann.
Desenvolvimento no Brasil e Dia Nacional da Homeopatia
Em 21 de novembro de 1840, desembarcou no Brasil o Dr. Benoit Jules Mure, médico francês responsável por introduzir o método homeopático no país.
É justamente em homenagem à data de sua chegada que o Dia Nacional da Homeopatia é comemorado anualmente em 21 de novembro.
Os discípulos de Mure se encarregaram de espalhar a nova terapêutica pelo Brasil até ela ser incorporada pelo movimento positivista no fim do século XIX.
Nessa época, ganhou grande força institucional, e a partir de então, sempre esteve presente na prática e no ensino de saúde no Brasil.
Atualmente, há quatro grandes escolas de homeopatia no Brasil, que são:
- Unicista: analisa a totalidade dos sintomas do paciente e receita um único homeopático, a exemplo do Dr. Hahnemann.
- Alternista (ou Pluralista): prescreve dois ou mais homeopáticos para uso intercalado em um mesmo tratamento.
- Organicista: faz prescrições com base em queixas imediatas do paciente e direciona o tratamento para os órgãos afetados.
- Complexista: prescreve duas ou mais substâncias para uso simultâneo.
A homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 1980.
Desde 2006, faz parte das Práticas Integrativas e Complementares aplicadas pelo SUS, conforme a Portaria 971/2006.
Quais os princípios da homeopatia?
Os 4 princípios da homeopatia são: a Lei dos semelhantes, a Experimentação em pessoa sadia e sensível, as Doses infinitesimais e o Medicamento único.
A Lei dos semelhantes, conforme apresentado acima, estimula a reação do organismo infligindo a ele os próprios males que se pretende combater.
De certa forma, aqui, observa-se o mesmo princípio da criação de vacinas, em que se usa um vírus inativo para estimular a produção de anticorpos.
Já a Experimentação em pessoa sadia e sensível descarta a experimentação em animais, sob o argumento de que cada espécie tem organismos muito diferentes.
Na experimentação em humanos, as substâncias são aplicadas em diferentes graus de diluição para observação de suas reações físicas, funcionais, mentais e emocionais.
As Doses infinitesimais estabelecem o processo de produção do homeopático, a partir de sucessivas diluições de uma substância em 99 porções equivalentes de água.
Com isso, a toxicidade da substância original é reduzida, permanecendo apenas seu princípio energético e proporcionando uma cura mais rápida e suave.
Já o Medicamento único estabelece que os fármacos devem ser administrados isoladamente, aumentando sua eficácia e reduzindo os riscos de interações indesejáveis.
A prática homeopática
A princípio, uma consulta médica homeopática não difere muito da consulta tradicional, lembrando ainda que o profissional deve possuir a mesma formação em Medicina.
O médico(a) homeopata parte de uma avaliação de sintomas e exames, além de perguntar sobre o histórico do paciente e histórico familiar.
A principal diferença é que ele(a) também fará uma avaliação emocional do paciente, incluindo perguntas pessoais sobre fatos marcantes ou seu dia a dia.
Assim, é definido um tratamento individualizado, a partir de uma determinada substância e força de sua diluição, estabelecendo-se a dosagem, horários e duração do tratamento.
O método pode ser aplicado em diversos quadros clínicos, como doenças crônicas não transmissíveis, problemas respiratórios, alergias e transtornos psicossomáticos.
Uma de suas maiores vantagens é que ele não apresenta contra indicações, uma vez que as substâncias utilizadas são altamente diluídas.
Normalmente, inclusive, os homeopáticos são ministrados como tratamento complementar a tratamentos tradicionais.
Além de sintomas físicos como dores, palpitações cardíacas, diarreias etc., os homeopáticos podem se direcionar a aspectos emocionais como depressão, marasmo infantil ou paranoias.
Como são produzidos os homeopáticos
O processo de produção de um homeopático consiste na diluição sucessiva de uma determinada substância em água.
Em um primeiro momento, uma única gota (ou parte) dessa substância é diluída em 99 gotas (ou partes) de água. O resultado dessa mistura é chamado de C1.
Então, uma parte da C1 é diluída em 99 partes de água, pelo mesmo processo, agitando-se bem o frasco de diluição. Com isso, chega-se ao resultado chamado C2.
O processo é repetido (1 parte de C2 para 99 de água) obtendo-se o C3, depois de novo para obtenção do C4, e assim sucessivamente.
O grau de diluição que é mais comumente usado é o do C30.
A essa altura, a concentração da substância original já é praticamente inexistente, permanecendo apenas suas propriedades energéticas, transferidas à água durante as etapas de diluição.
Para realizar essa manipulação, o farmacêutico deve ter cursado a disciplina de homeopatia (60h) e prestado estágio de pelo menos 120 horas em laboratórios homeopáticos.
Também é preciso observar as determinações da Vigilância Sanitária (Anvisa) a respeito das Boas Práticas de Manipulação.
Legislação brasileira a respeito da homeopatia
Basicamente, a farmácia e a manipulação homeopáticas devem observar a mesma Legislação que rege a produção e o comércio farmacêutico de modo geral no país.
Há, no entanto, algumas regulamentações específicas que é importante conhecer quando se trabalha com homeopáticos.
Todo o processo de manipulação, receituário, industrialização e venda de homeopáticos foi regulamentado pelo Decreto 57.477, de 1965, e pela Portaria 17, de 1966.
A farmácia homeopática foi incluída na Legislação através da Lei 5991/1973, enquanto a Lei 6360/1976 insere os homeopáticos no sistema de Vigilância Sanitária.
Desde 2007, os homeopáticos são chamados de “medicamentos dinamizados”, junto aos medicamentos antroposóficos e aos anti-homotóxicos, conforme resolução atualizada pela RDC 238/2018.
O Conselho Federal de Farmácia restringiu a farmácia homeopática à profissão de farmacêutico pela Resolução 176, de 1986.
A Farmacopeia Homeopática orienta a produção dos homeopáticos e recebeu três edições, sendo elas a de 1976, a de 1997 e a de 2011.
Os homeopáticos se enquadram na categoria dos MIPs, exigindo receita médica somente quando a concentração do princípio ativo excede o máximo permitido.
Conclusão: a homeopatia como parte do dia a dia da farmácia
A homeopatia está presente nas farmácias brasileiras como um método reconhecido e extensamente regulamentado pelo Ministério da Saúde.
Dessa forma, é essencial abordar a questão de modo objetivo, conhecendo e compreendendo a produção científica e o material regulatório sobre o assunto.
Isso se aplica não somente àqueles que desejam trabalhar exclusivamente com a produção e o comércio de homeopáticos, mas a todo o varejo farmacêutico.
A terapêutica faz parte do dia a dia das farmácias, assim como os florais, fitoterápicos e outros enquadrados pela OMS como medicina complementar ou alternativa.
Lembrando também que os homeopáticos estão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), podendo ser pactuados para oferta no SUS.
Diante disso, recomendamos baixar a lista completa de homeopáticos disponibilizada no início deste artigo.
E para compreender melhor como os homeopáticos se inserem no dia a dia da farmácia, em relação a outros medicamentos comercializados, clique no link abaixo!
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