Ao mesmo tempo que as interações medicamentosas são consideradas erros evitáveis, a prática demonstra que é difícil evitá-los.
Mas é inegável que farmacêuticos(as), médicos(as) e profissionais da saúde devem conhecer as interações causadas pela combinação de medicamentos com diferentes substâncias!
E isso inclui tanto medicamentos controlados quanto aqueles sem prescrição médica!
Um estudo publicado na revista Journal of the American Medical Informatics Association revelou que 30% das reações adversas a medicamentos são provocadas pela interação.
Nesse contexto, também é fundamental conscientizar os pacientes da importância de informar aos profissionais habilitados sobre toda e qualquer medicação que estejam usando.
Mas enquanto isso não alcança o padrão desejável, são mesmo os profissionais da saúde que devem manter-se atentos para evitar interações indesejadas.
Por isso, reunimos aqui informações essenciais sobre o tema, apresentando os principais tipos de interações medicamentosas e indicando sites para checar essas interações.
Disponibilizamos também um guia gratuito para download com a lista das interações medicamentosas mais comuns.
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O que são interações medicamentosas?
Interações medicamentosas são eventos clínicos adversos que resultam do uso simultâneo de medicação com diferentes substâncias.
Essas outras substâncias podem não ser somente medicamentos, como também nutrientes (alimento, suplementos, álcool) ou mesmo algumas doenças.
Assim, há uma interferência dessa outra substância na ação, absorção ou eliminação do medicamento que está sendo usado.
Um exemplo comum de interações medicamentosas são as causadas por antiácidos. Eles podem alterar as taxas de dissolução e absorção de medicamentos como:
- hormônios tireoidianos
- antifúngicos imidazóis
- antibióticos como a tetraciclina
- e anti-inflamatórios comuns como aspirina, diclofenaco e ibuprofeno
O site da Fiocruz apresenta em um artigo sobre interações medicamentosas exemplos bem elucidativos na seguinte tabela:
Fonte: Fio Cruz
Sendo assim, alguns medicamentos necessitam de acompanhamento profissional para avaliar e monitorar os riscos de interações com outros medicamentos, alimentos e doenças.Para entender melhor o que são interações e como elas acontecem, vejamos em detalhes dois processos importantes ligados a ela: a farmacodinâmica e a farmacocinética.
Farmacodinâmica e farmacocinética
Ambos os conceitos se referem a campos de estudos que ajudam a compreender os efeitos do fármaco no corpo.
A farmacodinâmica se dedica a explicar o que o fármaco faz no corpo, como ele se liga a receptores e o efeito que essa ligação provoca.
Assim, uma interação farmacodinâmica ocorre quando um medicamento afeta a capacidade de outro de concluir a ligação.
Isso pode ocorrer tanto pelos remédios terem o mesmo efeito (agonista) quanto no caso de uma das substâncias bloquear a ação da outra (antagonistas).
Já a farmacocinética aborda a relação corpo-medicamento a partir da perspectiva do corpo, sendo também descrita como o que o corpo faz com o fármaco.
Isso inclui todos os processos desde a absorção das substâncias até sua excreção, passando por questões de biodisponibilidade, distribuição e biotransformação.
As interações farmacocinéticas provocam alterações em todos esses processos, reduzindo a concentração e a permanência da medicação nos locais receptores.
Assim, as interações desse tipo não representam mudanças no efeito do medicamento, de um modo geral, apenas na intensidade e na duração dele.
Quais são os tipos de interações medicamentosas?
Geralmente, uma interação medicamentosa tem uma ação indesejável e, muitas vezes, até nociva ao paciente.
Entre as ações possíveis, temos:
- efeitos colaterais (toxicidade): quando se aumenta a ação de algum medicamento
- e insucesso do tratamento: quando se diminui a ação de algum medicamento
A seguir, veremos em detalhes cada um dos tipos de interações medicamentosas conforme a substância com as quais os medicamentos interagem.
Interações medicamento-medicamento
Dentro desse grupo de interações, temos a duplicação, a oposição (ou antagonismo) e a alteração.
Conforme ficará evidente, as duas primeiras consistem em interações farmacodinâmicas, enquanto a última se refere à interação farmacocinética.
Todas elas podem ser causadas tanto por medicamentos controlados quanto por medicamentos isentos de prescrição.
Duplicação
A duplicação consiste na intensificação dos efeitos colaterais quando medicamentos com o mesmo efeito são tomados.
Isso é bem comum quando os pacientes tomam medicamentos diferentes que têm o mesmo ingrediente ativo.
Mas o uso de medicamentos com ingredientes diferentes e com o mesmo efeito também pode causar a interação medicamentosa de duplicação.
Normalmente, atraídos por uma suposta melhora “mais rápida”, os pacientes compram medicamentos de marcas diferentes, sem saber que têm o mesmo efeito sobre a doença.
Ou então, se um paciente consulta médicos diferentes e não lhes informa das medicações que está tomando, este pode prescrever outras com o mesmo efeito.
Daí a importância de se praticar a atenção farmacêutica, de modo a poder identificar e evitar esse tipo de atitude que levará a interações medicamentosas!
Oposição (ou antagonismo)
Na oposição, ocorre a diminuição da eficácia de um ou mais medicamentos que possuem ações opostas.
Um exemplo dessa interação é a que ocorre entre o ibuprofeno e a hidroclorotiazida, ou a furosemida.
O ibuprofeno é um anti-inflamatório não-esteroidal (AINE) que ajuda a reduzir dores, mas também pode ajudar o organismo a reter sal e líquidos.
Já a hidroclorotiazida e a furosemida são diuréticos que ajudam a eliminar o excesso de sal e líquidos.
No entanto, a interação medicamentosa entre essas substâncias pode reduzir a eficácia dos diuréticos.
Alteração
A alteração, como o nome já diz, consiste na alteração da forma como o organismo absorve, distribui, metaboliza ou excrementa outro medicamento.
Um exemplo dessa interação é a diminuição da absorção de cetoconazol quando administrado junto a bloqueadores de ácidos e inibidores de bomba de prótons.
Interações medicamento-nutrientes
Neste grupo de interações, temos as interações medicamento-alimento, medicamento-suplementos alimentares e medicamento-álcool.
No medicamento-alimento, a presença de alimentos no trato digestivo pode diminuir a ação de um medicamento que seja absorvido pelo estômago ou intestino delgado.
Já na interação medicamento-suplementos alimentares, a suplementação de vitaminas, sais minerais, aminoácidos e ervas também podem prejudicar a eficácia de alguma medicação.
A melhor forma de evitar essa interação é informar aos médicos e farmacêuticos dos suplementos alimentares utilizados na dieta!
Por fim, nas interações medicamento-álcool, o surgimento de efeitos colaterais pode acontecer com mais frequência.
Engana-se quem pensa que o álcool não é um nutriente: ele afeta os processos do organismo, interage com alimentos e com muitos medicamentos!
Portanto, agora você sabe como responder àquela pergunta tão comum no balcão da farmácia:
Interações medicamento-doença
Neste tipo de interação medicamentosa, alguns medicamentos utilizados para tratar uma doença podem agravar outras.
É o caso dos betabloqueadores, usados para controlar cardiopatias e hipertensão arterial, que podem piorar a asma e dificultar a detecção de hipoglicemia em diabéticos.
Pacientes que precisam estar especialmente atentos a este tipo de interação são os diabéticos, hiper e hipotensos, ou com úlceras, glaucoma, incontinência urinária, insônia etc.
Para eles, é preciso reforçar ainda mais a recomendação de avisar aos profissionais de saúde sobre outras doenças que possuem e medicações que utilizam.
Como reduzir o risco de interações medicamentosas?
Algumas dicas práticas que podem ajudar a evitar ou diminuir as interações são:
- sempre consultar médicos, ou farmacêuticos, antes de começar a tomar quaisquer medicamentos ou substâncias novas
- anotar toda medicação que está sendo utilizada para apresentar na hora de prescrição de novos medicamentos
- listar as doenças e efeitos colaterais que sente
- apresentar esses dados a todos os médicos e farmacêuticos que consultar
- tomar a medicação como indicada na posologia
- informar-se sobre as ações, objetivos e possíveis efeitos colaterais de todos os medicamentos que utiliza — ou seja: LEIA A BULA!
- selecionar uma farmácia de confiança e com serviços abrangentes para estabelecer uma relação e comprar todos os seus medicamentos nela
- e perguntar sempre sobre possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas
E como o farmacêutico deve atuar para ajudar nessa tarefa?
O papel do farmacêutico
A formação acadêmica do farmacêutico, por si só, já é suficiente para que ele entenda sobre as interações medicamentosas.
No entanto, existem 4 atitudes do farmacêutico que o ajudam nessa tarefa. São elas:
1. Atualização de conhecimentos
Assim como qualquer outro profissional, o farmacêutico precisa estar buscando novos conhecimentos e atualizações constantemente.
Os estudos biológicos e as inovações da indústria farmacêutica avançam muito rápido, e os farmacêuticos que não continuam estudando regularmente acabam ficando desatualizados.
Por isso, é importante estar sempre buscando pelas últimas novidades do setor através da internet e nas informações trazidas pelos representantes das distribuidoras farmacêuticas.
2. Pesquisa
Atualmente, existem vários sites para checar interações medicamentosas, além de softwares e aplicativos para celulares que apresentam todas as relações medicamentosas já conhecidas.
Atualizar-se sobre essas ferramentas é indispensável para garantir maior segurança aos seus clientes no que se refere ao tema.
3. Interpretação das reações
Nem toda interação medicamentosa já foi relatada e estudada. Portanto, é possível que algumas delas ocorram e sejam diagnosticadas como reações adversas.
Assim, é muito importante que médicos e farmacêuticos estejam atentos às reações dos fármacos utilizados pelos pacientes e notifiquem quaisquer eventos adversos no VigiMed.
4. Orientação assertiva
A orientação sobre posologia é uma das tarefas mais importantes do farmacêutico.
Isso porque até a mais simples confusão de horários ou dosagem pode prejudicar significativamente um tratamento e até resultar no insucesso dele.
Isso é ainda mais preocupante quando se trata de pacientes idosos que utilizam muitos medicamentos e correm um risco maior de apresentarem interações medicamentosas.
Interações medicamentosas: site gratuito e recursos da internet para checar interações medicamentosas
Como dissemos anteriormente, existem diversos sites para checar interações medicamentosas que facilitam muito a atuação do profissional farmacêutico.
No Gregui, por exemplo, você pode consultar apenas interações entre medicamento-medicamento e medicamento-alimento.
O site também funciona como aplicativo de celular e não cobra pelo serviço.
Mas existem outras opções ainda mais completas, embora elas cobrem pelo serviço.
Uma delas é a Interage, da Intmed, que conta com uma base de dados com mais de 78.000 interações medicamentosas relatadas.
O serviço possui pacotes com valores mensais entre R$ 19,00 e R$ 500,00.
Entre os aplicativos, podemos destacar o Micromedex, que é pago, e o Medscape, que é gratuito, mas disponível apenas em inglês.
Além deles, há diversos sites e outras fontes de informação confiáveis e acessíveis na internet, como é o caso da série “Farmacologia em 1 minuto”.
Disponível no YouTube, a série apresentada pelo professor Thiago de Melo traz informações apresentadas de forma simples e objetiva.
Confira o primeiro vídeo da série:
Guia de interações medicamentosas gerais
Apresentamos abaixo uma tabela com as 20 principais interações medicamentosas de que se tem informação.
Além disso, apresentamos uma lista com 20 interações detectadas em medicamentos testados para a covid-19.
Em seguida, você encontra uma lista de medicações que apresentam riscos de interações potencialmente graves.
A lista abaixo baseia-se em dados apresentados pelo Farmacêutico e Professor Fabricio Favero em entrevista ao Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ).
20 interações medicamentosas mais comuns
Substância / Medicamento 1 | Substância / Medicamento 2 |
Efeito |
Ácido acetilsalicílico (AAS) | Captopril |
O ácido acetilsalicílico pode diminuir a ação anti-hipertensiva do captopril |
Ácido acetilsalicílico (AAS) | Insulina | O AAS pode aumentar a ação hipoglicemiante da insulina |
Alimentos | Penicilina ou Eritromicina | Após a ingestão de alimentos ou líquidos, o pH do estômago dobra, o que afeta a desintegração das cápsulas, drágeas e comprimidos, ou mesmo a dissolução da própria substância, impactando na absorção do princípio ativo |
Alimentos | Fenitoína ou Dicumarol | Os medicamentos se desintegram mais facilmente com a alcalinização do pH gástrico. O pH também interfere na estabilidade e ionização dos fármacos, alterando a velocidade e extensão da absorção |
Amoxicilina | Ácido clavulânico | A amoxicilina associada ao ácido clavulânico aumenta o tempo de sangramento e de protrombina (elemento proteico da coagulação sanguínea) |
Antibióticos | Vitamina C | A vitamina C ou qualquer substância que a contenha (sucos cítricos) inibe a ação dos antibióticos |
Anticoagulantes orais | Anticoncepcionais orais | Pode ocorrer a diminuição dos efeitos dos anticoagulantes |
Anticoncepcionais orais | Anti-hipertensivos | Os anticoncepcionais (em geral) podem elevar a pressão arterial, anulando a ação dos hipotensores |
Anticoncepcionais orais | Indutores de enzimas microssônicas (rifampicina, barbitúricos, griseofulvina etc.) | Os anticoncepcionais orais (em geral) podem ter seu efeito anticoncepcional diminuído |
Antidiabéticos orais | Pirazolônicos | Pode potencializar a atividade hipoglicêmica |
Bebidas alcoólicas | Ansiolíticos, hipnóticos e sedativos | Potencializa o efeito depressor do sistema nervoso central (SNC) do álcool, e essa depressão pode levar a óbito por falência cardiovascular, depressão respiratória ou grave hipotermia |
Benzodiazepínicos (alprazolam, clorazepato, diazepam etc.) | Cimetidina | Diminui o clearance plasmático e aumenta meia vida plasmática e concentração dos benzodiazepínicos. Além disso, pode ocorrer aumento do efeito sedativo |
Digoxina | Diazepam | Pode reduzir a excreção renal da Digoxina, com aumento da meia vida plasmática e risco de toxicidade (efeito é também relatado com o Alprazolam) |
Diurético | Minerais | Altas doses de diuréticos (ou seu uso prolongado) promovem aumento na excreção de minerais — exemplo: furosemida, diurético de alça, acarreta perda de potássio, magnésio, zinco e cálcio |
Inibidores da monoamina oxidase (MAO) | Tiramina (monoamina derivada da tirosina) | Pode promover crises hipertensivas e hemorragia intracraniana |
Leite | Tetraciclina | Os íons divalentes e trivalentes (Ca2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+) presentes no leite e em outros alimentos podem formar quelatos não absorvíveis com as tetraciclinas, ocasionando a excreção fecal dos minerais, bem como a do fármaco |
Levodopa | Dieta proteica | Levodopa (L-dopa, usada no tratamento da doença de Parkinson) tem ação terapêutica inibida |
Óleo mineral | Vitaminas | Grandes doses de óleo mineral interferem na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), β-caroteno, cálcio e fosfatos, devido a barreira física e diminuição do tempo de trânsito intestinal |
Omeprazol | Fenobarbital | Pode potencializar a ação do barbitúrico |
Omeprazol | Varfarina ou Clopidogrel | O omeprazol (inibidor da bomba de prótons) pode aumentar a ação da varfarina e diminuir a ação do clopidogrel (antitrombóticos) |
20 interações com medicamentos testados para a covid-19
- Cloroquina/hidroxicloroquina e azitromicina – Risco de arritmia cardíaca (desconhecido). Aumento da chance de prolongamento do intervalo QT (arritmia cardíaca). Considerar potencialização de riscos quando a tríade for utilizada em hospitais: hidroxicloroquina, azitromicina e propofol.
- Cloroquina/hidroxicloroquina e clorpromazina – Podem aumentar a biodisponibilidade em até quatro vezes. Aumenta o risco de síndrome extrapiramidal.
- Cloroquina/hidroxicloroquina e fluoxetina – A fluoxetina pode aumentar os níveis de cloroquina e hidroxicloroquina, com possível toxicidade destas duas substâncias.
- Cloroquina/hidroxicloroquina e dipirona – A dipirona pode diminuir os níveis séricos de cloroquina e hidroxicloroquina. Isso pode resultar em possível falha terapêutica de cloroquina e hidroxicloroquina. Atenção para possíveis distúrbios hematológicos (plaquetopenia, agranulocitose).
- Cloroquina/hidroxicloroquina e antiácidos – Os antiácidos podem atrapalhar a absorção de cloroquina e hidroxicloroquina. Para evitar essa redução de biodisponibilidade, deve-se utilizar os antiácidos duas horas antes ou duas horas depois da administração dessas drogas.
- Cloroquina/hidroxicloroquina e ciclosporina – Cloroquina e hidroxicloroquina podem aumentar a biodisponibilidade em até 4,3 vezes. A cioclosporina precisa ter sua dose reduzida caso haja necessidade do uso concomitante, para evitar imonussupressão intensa.
- Cloroquina/hidroxicloroquina e codeína – Cloroquina e hidroxicloroquina podem comprometer a conversão de codeína em morfina. A ação da analgésica dos opioides pode ser diminuída.
- Lopinavir/ritonavir e cloroquina/hidroxicloroquina – Lopinavir e ritonavir podem aumentar os níveis de cloroquina e hidroxicloroquina. Risco de arritmia cardíaca, com atenção principalmente quando é orientada a troca de terapia (não importando a ordem). Cloroquina e hidroxicloroquina têm elevada meia-vida (portanto, lento woshout).
- Lopinavir/ritonavir e sildenafil e tadalafil – Lopinavir e ritonavir podem aumentar as concentrações de sildenafil e tadalafil. Risco de hipotensão acompanhada de taquicardia reflexa. Atenção para coronariopatas.
- Lopinavir/ritonavir e codeína, oxicodona e tramadol – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a oferta de codeína, oxicodona e tramadol (pró-fármacos), por inibição da CYP3A e 2D6. A ação analgésica da codeína, tramadol e oxicodona pode ser diminuída (porque não gera os metabólitos ativos morfina, o-desmetiltramadol e oximorfona, respectivamente) devido à inibição da CYP2D6.
- Lopinavir/ritonavir e eritromicina e claritromicina – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a oferta desses macrolídeos. Risco de prolongamento do intervalo QT (arritmia cardíaca).
- Lopinavir/ritonavir e amiodarona – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a oferta de amiodarona. Aumento da chance de prolongamento do intervalo QT (arritmia cardíaca).
- Lopinavir/ritonavir e betabloqueadores – Lopinavir e ritonavir podem aumentar os níveis dos betabloqueadores, com risco de bradicardia e/ou parada cardíaca.
- Lopinavir/ritonavir e clorpromazina, pimozida, quetiapina, risperidona e ziprasidona – Lopinavir e ritonavir podem aumentar a biodisponibilidade desses antipsicóticos. Aumento do risco de síndrome extrapiramidal e risco de arritmia.
- Lopinavir/ritonavir e sinvastatina, rosuvastatina e atorvastatina – Lopinavir e ritonavir podem aumentar o níveis séricos das estatinas (atorvastatina em até 490%). Risco de miopatias, rabdomiólise, insuficiência renal. Atenção para os pacientes internados – neste caso é fundamental a conciliação medicamentosa.
- Favipiravir e paracetamol – Favipiravir pode aumentar em até 20% os níveis de paracetamol. Recomenda-se não exceder 3g de exposição por dia. Entretanto, convém lembrar que como o favipiravir inibe a CYP2E1 talvez esse aumento dos níveis séricos não evidencie aumento de hepatotoxicidade.
- Favipiravir e oseltamivir – Favipiravir pode aumentar em aproximadamente 15% de oseltamivir. Pode potencializar a ação de um fármaco eficaz contra H1N1.
- Favipiravir e contraceptivos hormonais – Favipiravir pode aumentar as concentrações dos contraceptivos. Atenção para ganho de peso e alteração do ciclo menstrual.
- Remdesivir e dipirona – Dipirona pode diminuir os níveis séricos do remdesivir. Possível falha terapêutica do remdesivir. Acompanhar a evolução clínica e atenção para possíveis distúrbios hematológicos (plaquetopenia e agranulocitose).
- Remdesivir e rifampicina, fenobarbital, carbamazepina e fenitoína – Esses anticonvulsivantes podem diminuir a biodisponibilidade do remdesivir. Sugere-se investigar a evolução clínica. A rifampicina também pode diminuir os níveis séricos do remdesivir. Neste caso, atenção para os pacientes tuberculosos com complicação pulmonar pela Covid-19.
Lista de fármacos com interações medicamentosas potencialmente graves
Apresentamos agora uma lista de fármacos que podem provocar interações graves.
Mesmo o uso isolado desses medicamentos oferece riscos de reações adversas, e seu uso combinado deve sempre passar por avaliação profissional prévia.
Mecanismo | Fármacos |
---|---|
Margem de segurança estreita | Fármacos antiarrítmicos (p. ex., quinidina) Fármacos antineoplásicos (p. ex., metotrexato) Digoxina Lítio Teofilina Varfarina |
Metabolismo extenso por certas enzimas hepáticas | Alprazolam Amitriptilina Atorvastatina Carbamazepina Clozapina Corticoides Ciclosporina Diazepam Inibidores de protease para HIV Imipramina Lovastatina Midazolam Olanzapina Fenitoína Sildenafila Sinvastatina Tacrolimo Tadalafila Teofilina Triazolam Vardenafila Varfarina |
Inibição de certas enzimas hepáticas | Aprepitant Boceprevir Cimetidina Ciprofloxacino Claritromicina Cobicistate Conivaptan Diltiazem Eritromicina Fluconazol Fluoxetina FluvoxaminaItraconazol Cetoconazol Paroxetina Posaconazol Ritonavir Telaprevir Telitromicina Verapamil Voriconazol |
Indução de certas enzimas hepáticas | Barbitúricos (p. ex., fenobarbital) Bosentana Carbamazepina Efavirenz Fenitoína Rifabutina Rifampina Erva de São João |
Conclusão: conheça a lista das interações medicamentosas mais comuns
Agora você conhece em detalhes o que são as interações medicamentosas e o papel central que a sua farmácia tem nessa questão.
No dia a dia das farmácias, constantemente apresenta-se a oportunidade de intervir na medicação utilizada pelos clientes no sentido de evitar esse tipo de problemas.
Mas tomar essa atitude, mesmo que ela reduza o valor da venda, não é só uma questão ética que pode salvar uma vida.
Isso impacta profundamente em sua relação com o cliente, favorecendo inclusive sua fidelização. E assim, a perda em uma compra pode ser a garantia de compras futuras.
Portanto, opte por esse serviço de qualidade na atenção farmacêutica e amplie o seu poder de atração e de retenção de clientes.
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