Comumente visto em logotipos de farmácias, o símbolo da taça com uma serpente enrolada em sua haste é bastante difundido como símbolo da farmácia e utilizado na área da saúde.
Mas nem todos conhecem o real motivo desse emblema e como ele surgiu.
Para entender melhor qual é a sua origem, o significado deste símbolo e o que ele representa desde a antiguidade até os dias de hoje, fomos atrás das melhores fontes que expliquem esse verdadeiro ícone da classe farmacêutica.
Compilamos tudo o que você precisa saber sobre este assunto e apresentamos agora de modo didático e simples.
Confira a seguir.
O que diz o Conselho Federal de Farmácia
Ao iniciar a nossa jornada de entendimento deste símbolo, recorremos primeiramente ao Conselho Federal de Farmácia (CFF) — órgão que regulamenta, dentre outros assuntos, os símbolos oficiais dos farmacêuticos.
Apresentaremos os principais trechos da Resolução Nº 471, de 28 de fevereiro de 2008, que trata do assunto e o analisaremos a seguir:
Em primeiro lugar, está disposto o motivo pelo qual esse dispositivo foi criado:
Considerando a necessidade de instituir e normatizar um símbolo heráldico (brasão), representativo da categoria.
Em outros termos, houve a preocupação em padronizar os símbolos que representam a categoria farmacêutica, e o órgão assim o fez oficialmente.
Neste primeiro parágrafo, há um termo que muitas pessoas podem não ter conhecimento, que é “símbolo heráldico”.
Por isso também fizemos questão de esclarecê-lo para que você entenda melhor:
O termo designa a arte do brasão ou a ciência que estuda a origem, a evolução e o significado dos emblemas blasônicos (relativo ao brasão). O estudo da heráldica e sua representação, artística ou não, possibilita distinguir as posições de […] diferentes grupos dentro de uma sociedade.
Informa a enciclopédia do Itaú Cultural
Dando seguimento na leitura da resolução da CFF, temos a descrição completa do símbolo, assim definido:
Art. 2º — O símbolo heráldico será constituído da seguinte forma: um círculo na cor amarela, contendo na parte interna uma taça, entrelaçada por uma serpente.
Infelizmente, não foi encontrada uma imagem representando o símbolo tal como descrito acima.
Para fins de ilustração, o utilizado pelo CFF é este:
O Conselho também se preocupa em esclarecer quais segmentos profissionais podem se utilizar deste distintivo:
Art. 6º – Os símbolos descritos nesta Resolução são de uso privativo de:
a) Conselhos Federal e Regionais de Farmácia;
b) Farmacêuticos registrados nos Conselhos Regionais de Farmácia;
c) Instituições de ensino farmacêutico; e,
d) Demais entidades farmacêuticas.
Na sequência, o órgão explica a representatividade de cada elemento que compõe o símbolo. Confira:
1. DO BRASÃO
a) Taça: representa a cura.
b) Serpente: representa o poder, a ciência, a sabedoria e a transmissão do conhecimento compreendido de forma sábia.
c) A taça com a serpente nela enrolada: é conhecida como símbolo da profissão farmacêutica. Sua origem remonta a Antigüidade, sendo parte da mitologia grega.”
É nesse ponto que, ao averiguar a explicação dada pela CFF, investigamos mais a fundo a origem deste símbolo através da mitologia e da evolução social em torno deste ícone.
Conheça o resultado da nossa pesquisa.
A origem e utilização dos símbolos
A história do símbolo da farmácia tem diversas origens que são compartilhadas por muitas culturas antigas em todo o mundo.
Dentre todas as observadas, a mitologia grega é tida como a mais difundida e aceita entre os especialistas no assunto.
É importante entender isso, pois, como falamos anteriormente, o símbolo da farmácia é um modo de representatividade e de identificação para a classe farmacêutica.
Pois, acima de tudo, é um ícone de autoridade para os profissionais da área.
Outros símbolos de farmácia e do universo da saúde
Ao redor do mundo, há vários tipos de símbolos adotados.
Alguns deles podem ser muito parecidos à primeira vista, mas cada um possui sua especificidade.
Embora não haja um símbolo de farmácia específico que se tornou universal, alguns deles são mais amplamente adotados do que outros, como podemos verificar a seguir.
A partir da ordem apresentada pela imagem, explicaremos todos os símbolos:
- O RX é um símbolo que não possuímos em nosso alfabeto. É aceito como uma abreviação que deriva do latim “recipere” que significa “recuperação”, mas também é sugerida como o signo astronômico do planeta Júpiter. É utilizada para representar a farmácia e muito utilizado em receitas médicas. É mais comum nos EUA e em outros países.
- A taça de Hegeya (ou Hígia) com a serpente de Epidauro é símbolo oficial brasileiro (falaremos mais dele a seguir).
- O almofariz e o pilão são ferramentas tradicionais usadas na manipulação de medicamentos desde a época dos boticários. Utilizado ainda na Escócia e Estados Unidos.
- A cruz verde é amplamente usada como sinal de autoridade por muitas farmácias (principalmente na Europa, em países como Portugal e França).
- O Caduceu, representado por duas cobras em um cajado, tem origem na mitologia grega e é associado a órgãos médicos aqui no Brasil, assim como o próximo símbolo do conjunto.
- Serpente de Epidauro no Cajado de Esculápio: esse mostra a serpente entrelaçada em uma vara segurada por um deus grego, Asclépio, deus grego da medicina, que carregava uma vara com uma única cobra, e se tornou um símbolo médico a partir do século V a.C., sendo relacionado à medicina e à cura. Atualmente, é o símbolo utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na Star of Life, muito conhecida nos Estados Unidos e também utilizada por profissionais da fisioterapia.
Símbolo de farmácia no Brasil: a taça de Hegeya
Como podemos verificar, os símbolos da farmácia são bem distintos entre si, podendo ter tanto referências às ferramentas de produção dos medicamentos como, também, à mitologia grega.
No Brasil, a versão mais difundida é a Taça de Hegeya.
Para falarmos dela mais especificamente, voltaremos agora à Resolução do CFF, que assim explica a origem que eles acreditam sobre o símbolo:
A Lenda do Centauro
Chiron, o centauro. Ao contrário da maioria dos de sua raça, caracterizados pela selvageria e violência, se dedicou aos conhecimentos de cura. Teve como um dos seus discípulos o deus Asclépio (também denominado Esculápio), ao qual ensinou os segredos das ervas medicinais. Asclépio se tornou o deus da saúde e tinha como símbolo um cetro com duas serpentes nele enroladas. Contudo, ele não utilizava seu conhecimento somente para salvar vidas, mas usava seu poder para inclusive ressuscitar pessoas.
Descontente com a quebra do ciclo natural da vida, Zeus resolveu intervir. Os deuses entraram então em batalha e Zeus acabou matando Asclépio com um raio. Com a morte de Asclépio, a saúde passou a ser responsabilidade de sua filha Hígia, que se tornou dessa maneira a deusa da saúde. Hígia tinha como símbolo uma taça que com sua promoção foi adicionada por uma serpente nela enrolada. Essa serpente é, obviamente, uma representação do legado de seu pai. Assim, o símbolo de Hígia da taça com a serpente se tornou, posteriormente, o símbolo da Farmácia.
Conselho Federal de Farmácias (CFF)
Pela iconografia da história farmacêutica, a taça, que possui uma cobra enrolada em torno dela, é chamada de taça de Hygeia com a serpente de Epidauro.
Como retratado na história contada pelo CFF, Hygeia se tornou a deusa grega da saúde.
Seu símbolo era uma serpente bebendo de uma espécie de tigela.
A taça é geralmente representada com uma longa haste e o bojo (também conhecido como a parte que serve a bebida) é largo.
Essa taça (ou cálice, como sugerem alguns estudiosos) simboliza a cura.
Já a serpente (ou cobra) é uma ocorrência comum na mitologia ao longo da história, desde o antigo Egito, passando pela mitologia grega e perdura até hoje.
Seu significado é complexo.
Está relacionada a diversas simbologias, pois esse tipo de animal tem sido usado tanto como sinônimo de vida — a partir da ótica da medicina que se desenvolveu através de medicamentos que utilizam seu veneno como matéria-prima —, bem como pode ser o símbolo de doença, imortalidade, morte e até sabedoria.
É importante mencionar que, na antiguidade, as cobras possuíam uma forte simbologia, pois viviam entre deuses e humanos e eram elementos comuns em diversas culturas antigas.
Há ainda outra versão mitológica a respeito deste símbolo que se relaciona com Hipócrates, o “Pai da Medicina”.
Nessa teoria, acredita-se que em uma determinada ocasião, uma serpente enrolou-se em seu cajado e, quando estava prestes a dar o bote em Hipócrates, ele lhe disse: “se queres me fazer mal, de nada adiantará que me firas, pois tenho no corpo o antídoto contra tua peçonha. Se estás com fome, te alimentarei”.
Assim, ele serviu leite em sua taça para misturar ervas e ofereceu à serpente.
A serpente desceu do cajado, enrolou-se na taça e aceitou a bebida, tornando-se assim um símbolo de sabedoria, onde a taça significa a cura e a serpente, o poder.
Outras curiosidades sobre símbolos de farmácia
Por fim, as últimas disposições trazidas pela CFF são sobre outros distintivos simbólicos referentes aos formandos do curso de Farmácia.
DA COR DA FAIXA DA BECA
A cor amarela simboliza saúde, perseverança, naturalidade, limpeza, juventude e natureza. Estimula equilíbrio e cura.
A COR DA PEDRA DO ANEL DE GRAU
O topázio imperial amarelo é uma pedra preciosa que significa sabedoria. Ativa o intelecto, a comunicação, a concentração, a disciplina, a atenção aos detalhes e a harmonia do todo.
CFF
Podemos, assim, concluir que, a partir da definição da cor amarela — que está presente no símbolo de farmácia — a cor também deve-se estender para outros itens que conferem identidade para os profissionais da área.
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